Para especialistas, Brasil deve insistir no diálogo com EUA mesmo diante de tom 'agressivo' e 'desproporcional' de Trump

  • 13/07/2025
(Foto: Reprodução)
Governo prepara regulamentação da Lei da Reciprocidade Econômica caso decida retaliar EUA. Em rede social, Lula disse que adotará 'medidas necessárias' para proteger empresas. 'Trump só escuta empresários americanos que eventualmente liguem pra ele', diz o professor Carlos Gustavo Poggio, sugerindo que o Brasil poderia tentar mobilizar parlamentares e empresários nos EUA EPA via BBC Diante do tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros anunciado pelo governo dos Estados Unidos, especialistas em relações internacionais e em economia defendem que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) insista no diálogo com a Casa Branca mesmo diante do que chamam de tom "agressivo" e "desproporcional" de Donald Trump. Em uma carta endereçada ao presidente Lula, Trump alegou erroneamente que os Estados Unidos têm déficit na relação comercial com o Brasil - enquanto, na verdade, o país registra superávit, isto é, mais exporta para o Brasil que importa em valor agregado. Além disso, apontou suposto desrespeito por parte das instituições brasileiras contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em posicionamentos recentes, o presidente Lula disse que o Brasil é um país soberano e não aceitará ser tutelado por ninguém. Lula também já declarou que, se os países não chegarem a um acordo, o Brasil poderá optar pelo uso da chamada Lei da Reciprocidade Econômica. Tarifaço 50%: questionado, Trump diz que pode conversar com Lula, mas não agora Aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada por Lula, a Lei da Reciprocidade representa - segundo setores do governo - o arcabouço legal necessário para que, se decidir retaliar os EUA, o Brasil tenha os instrumentos necessários. O entendimento é o de que, até então, a única possibilidade para além da negociação direta seria recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) - e a avaliação é que o organismo internacional está paralisado e sem força para implementar eventual decisão. Segundo o gabinete do vice-presidente Geraldo Alckmin, que comandará um comitê com empresários para discutir o tarifaço e definir eventuais reações, a regulamentação da lei deverá ser publicada em decreto nesta segunda-feira (14). Diálogo antes da retaliação Em um comunicado conjunto divulgado neste sábado (12), os especialistas do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) defenderam que o Brasil insista no diálogo, com as duas partes buscando uma "solução construtiva", que preserve o multilateralismo e o direito internacional. "Causa perplexidade o tom agressivo e desproporcional adotado na correspondência enviada pelo presidente Donald J. Trump ao governo brasileiro. As alegações apresentadas estão lastreadas em informações incorretas sobre o real estado das relações comerciais bilaterais. [...] Ainda mais grave é a tentativa de condicionar decisões comerciais a temas da política interna brasileira representando uma interferência indevida em assuntos internos de um Estado soberano", afirmou o Cebri. "Apesar da gravidade do cenário, o Brasil deve manter-se aberto ao diálogo. O Cebri defende que qualquer controvérsia comercial [...] deve ser tratada por meio de canais diplomáticos apropriados e com base no respeito mútuo", acrescentaram os especialistas. À Globonews, o economista e professor André Perfeito afirmou concordar com a avaliação do Cebri de que é preciso insistir no diálogo antes de uma eventual retaliação. Para Perfeito, a saída diplomática "é o melhor caminho" e, se houver retaliação, que seja "cirúrgica", não de forma generalizada. "Acredito que o Itamaraty esteja sendo mais cauteloso. Por parte do presidente Lula, não tinha como ele falar outra coisa, não tinha como não defender o país. Isso envolve soberania. Outra coisa, o que foi pedido na carta, o Lula não pode interferir no Poder Judiciário. O que ele poderia fazer? Não tem o que fazer em relação a isso. E acredito que o Itamaraty vai tentar construir uma alternativa negociada", afirmou. 'Caos inflacionário' Para o professor Amâncio Jorge, do Departamento de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), o Brasil deve insistir nas negociações diplomáticas, ainda que analise algumas outras opções. O professor acrescenta que "não faz sentido" Donald Trump envolver questões políticas para fazer ameaças tarifárias porque "no fundo" o próprio Trump sabe que a "indisposição" com o Brasil tem relação com o Brics. "Ainda é precoce a retaliação, sobretudo [se for] nos mesmos termos tarifários, o Brasil taxando em 50%, poderia virar um caos inflacionário. Só pioraria a situação do Brasil, sem contar que, se o Brasil fizer isso, os Estados Unidos podem duplicar a retaliação e a taxação. Ainda é caso de tentar as vias diplomáticas para a negociação se preparando lateralmente para uma eventual, se for, retaliação em outros níveis", declarou.

FONTE: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/07/13/para-especialistas-brasil-deve-insistir-no-dialogo-com-eua-mesmo-diante-de-tom-agressivo-e-desproporcional-de-trump.ghtml


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